O Rapaz e a sua Personagem

Cruzei-me com esta personagem – no bom sentido, atenção – aquando do lançamento do seu 2.º álbum de originais, em 1996. No ano seguinte vêm a Portugal para a primeira edição do já extinto festival de Verão Zambujeira do Mar – o que existe hoje não chega, sequer, à sola da pata do cão, do punk que foi às primeiras edições do “original”. o cartaz desse ano, para lá destes senhores, tinha Blur, Bizarra Locomotiva e Anger… coisas fofinhas!
O impacto inicial foi forte! Engraçado que uma pessoa cresce embrenhada em certos universos, sejam eles cinematográficos, musicais ou literários, mas quando um desses elementos ficcionais salta para a realidade, trememos, ainda que no primeiro momento.
O Sr. Brian Warner – não, não vou dar uma de Wikipedia – criou uma personagem que assustava, excitava e vendia. Sim, vender dava jeito. A Música, como era? O 1.º é o melhor! Raios se não é! E o 2.º? É igualmente bom. Menos cru, mais “limpo”. Limpo, limpo, não ahahah mas mais adulto, mais dotado de capacidade de composição musical.
Fast forward para o dia 14 de Setembro de 1998 e para a edição deste trabalho: “Mechanical Animals”. Ainda mais limpo, mais dado a ritmos dançáveis e transformações dignas de um cruzamento estético imensamente físico entre os KISS e Bowie. É melhor que o seu antecessor? Nem de perto! É melhor que o seu sucessor? Ah pois é! Na minha opinião a fórmula perdeu-se totalmente neste trabalho. Aquilo que a banda era, em termos de som, atingiu o seu epítome no álbum anterior – “Antichrist Superstar” – sendo que este “estourou os últimos cartuchos”. De novo: é a minha opinião.
Uma música como “Coma White” é todo um portento, é todo um hino a uma decadência que usa maquilhagem e frequenta os altos círculos da sociedade de então. Uma falsa ostentação intelectual e emocional VS uma postura de poder e riqueza. Aquela depressão que sorri a todos, inclusive ao seu “portador”.
Fez anos ontem. É bom. Vale muito a pena. Mas já o sabeis… e o Trent Reznor também. O futuro não lhes reservou muito mais, sinceramente. Venderam? Sim, imenso. Foi todo aquele momento específico e propício.

A Decadência usa Louboutin…


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