Sound Advice… simple as f#ck!

















1997. João, voz e baixo, Hugo, guitarra, Paulo, bateria, Rui, guitarra. O ano é 1998. Assim nascem os Sound Advice.

Estávamos em pleno Verão do ano de 1997. Eu tinha feito 15 anos há poucos dias e a Princesa Diana, no dia 31 desse mesmo mês, acabaria por morrer. Tudo eventos que marcaram a História, caramba!
Nascido, e até então, criado numa cidade como Lisboa, muito de repente dou por mim a viver numa pequena aldeia a 6kms de Bragança, uma cidade que, à altura, me parecia imensamente pequena em dimensão e em mentalidade.
Hoje em dia pouco lisboeta me considero, sendo que a veia transmontana já tomou controlo por completo da alma que habita nesta besta, pelo que a ideia e visão que tinha das coisas, e neste caso específico da cidade de Bragança, sofreram uma substancial mudança… e ainda bem.
Mas, como acima referido, caído numa cidade pequena, desconhecida e o raio, foi um daqueles choques tremendos! Não é fácil, e não foi fácil, assimilar toda aquela realidade, não cedendo a qualquer tentação de “moldar-se ao meio”. Não me arrependo, em muito porque não me trouxe qualquer dano/mal/whatever… mas havia pessoal de cabelo comprido e calças elásticas pretas, o dia-a-dia da Margem Sul nos anos 90!
Vim a descobrir que os brigantinos são – ou eram, que anos e anos já lá vão – pessoas com imenso sangue na guelra e de convicções fortes (pena que quando votam…), e continuo a vê-los como os melhores que por cá andam, sem dúvida!
Mas… basta de delírios de velho. Música, senhores e senhoras, meninos e meninas: fim dos anos 90 e o novo Século ali à porta e Bragança e a sua cena musical. Cai ali e nada conhecia. Nada, nada. Não recordo o ano em que ouvi, pela primeira vez, a banda que se segue. Recordo, sim, a primeira vez que os vi ao vivo. Recordo o espaço, recordo o evento – oh João, creio que sim, pá – e recordo que não pude ficar até ao fim visto ter regressado a casa de boleia ahahah
Sound Advice será sempre a banda que, nos meus anos como brigantino, associava à que era a “Cena Rock n’ Roll Brigantina”. Muitos dirão que 53647568690 bandas estão em falta, e não os desmentirei, claro. Sei, sim, que quando recebi do João – e o meu agradecimento – os ficheiros com o material que estes gravaram, a letra da “Vem p’ró Pé de Mim” estava na ponta da língua. Que raio ahahah!
Continuo a olhar para os Sound Advice com imenso carinho. Anos depois tive a oportunidade de conhecer o João e o irmão, e mais músicos de Bragança, e o apreço pela banda cresceu. Anos e anos depois voltei a vê-los ao vivo na – e que me emendem em caso de erro – na Praça Cavaleiro Ferreira (Taça, para o pessoal) inserido já não sei em que evento…
Os Sound Advice tocavam – tocam, que ainda espero vê-los de novo, com formação original e ex-membros e o camandro – Punk Rock, em Inglês e Português. Era bom, era simples, era… ou então assim se tornaram, a imagem que eu criei da Música na cidade de Bragança, d’A Banda da cidade, ou pelo menos aquela com a qual mais me identifiquei. 
Nunca ouvi neles aquele lado mais alegre e jovial do Punk Rock. Bem o contrário. Chove lá fora e, aqui dentro, a “Respeito II” volta a rodar. “Last Feeling” traz, consigo, uma negritude, um peso, que me remete para os dias de Outono em Bragança, por si só escuros e densos. Transporta tristeza, arrisco dizer. Arrisco dizer que, durante uma série de anos senti o mesmo em relação à cidade…
Falar-me-ão de bandas com mais anos, com mais presença, com mais sei lá o quê… mas ainda assim, esta é a banda que eu vi, durante anos, como o bastião da coisa. Exagero? Sei de quem assim o verá, e quiçá a razão viverá do seu lado, mas fuck it! Fuck you, I don’t want to be like you!
E isto tudo vem de onde? Talvez, quem sabe, de um rejuvenescimento da criação musical na cidade de Bragança na forma de uns Raiva Rosa, que ainda que não sejam um seguimento do som que os Sound Advice faziam, são bons, bastante bons para uma cidade que estava – e que me desculpem – moribunda no que a Música se refere…
Como já mencionado, creio que sempre verei os Sound Advice como a banda da cidade de Bragança. Talvez não sejam a banda que muitos mencionarão quando se lhes pergunta “qual a banda mais relevante/significante saída da cidade de Bragança?!” Sound Advice… diria eu, mas eu não sou sequer uma pequeníssima parte daquela terra, quanto mais gajo a ter em consideração.
Estamos em 2019 e recuperei a Demo (posso-lhe chamar Demo?) “Respeito” que me foi, num primeiro instante, emprestado por uma rapariga com a qual namorei, no Liceu – sim, no Liceu – de nome Marta (namorei, creio…). Caramba, a idade é do raio! Mas, como estava a dizer, “Respeito II”, 10 temos (9 e meio, talvez), que vinham num CDr com uma capa que, raios partam, não recordo como era, mas se alguém que leia isto ainda tenha o CDr, saque um scan a isso e o enderece à minha pessoa. Desde já agradecido e que Nosso Senhor Lemmy lhe pague, que já sou pai de 3, pfff.
Bragança, final dos anos 90, e se havia coisa que não faltava naquela cidade, era Música. O Liceu Nacional de Bragança e aquele canto nas escadas de acesso ao bar – ou ao convívio, isso já depende de que lado viésseis – de onde saia música e música.
Caramba, há coisas que, no momento têm aparentemente zero de peso, mas mais de 20 anos depois se revelam. Só isso explica o significado que esta Demo – again: Demo? – ainda tem. Engraçado…
Ainda espero um dia ser “obrigado” a fazer estes mais de 500kms para assistir ao regresso dos Sound Advice aos palcos. Não poderá ser no Demetal, mas será igualmente bom. Vá, faço as chamadas e incomodo o pessoal até que a coisa se dê!

P.s.: foto da banda gentilmente roubada das redes sociais da banda, aqui pelo vosso escriba! De nada...


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