I NVICTA REQVIEM MASS V 2019 METALPOINT PORTO
31 de Outubro a 2 de Novembro
Sejam bem-vindos a mais
uma edição do Invicta Reqviem Mass, neste caso a 5.ª e, talvez aquela que
melhor cartaz apresentou durante estes 3 dias de degredo e depravação!
Realizou-se, mais uma vez,
no já mítico Metalpoint, no Porto, entre os dias 31 de Outubro e o dia 2 de
Novembro, sob a alçada da nacional Signal Rex, e apresentou um cartaz que não é
normal ver por estes lados da Europa. Nomes grandes da cena nacional e nomes
grandes da cena mundial, nomes relativamente recentes de países como Áustria e
Bósnia e Herzegovina, e nomes já com créditos mais que firmados, como era o
caso dos espanhóis Balmog.
Pelo 2.º ano consecutivo
desloquei-me à cidade Invicta para assistir, in loco, às actuações, absorver o
ambiente que ali se vive e, se corresse bem, ser surpreendido por algo novo e
refrescante. Franceses, italianos, holandeses, pessoal de Leste e pessoal de
Lisboa e arredores, todos se reuniram ali, naquele “antro”, para receber todo e
cada momento da Homilia que se adivinhava vir a ser genuinamente forte. Três
dias de intensidade, de suor, de cheiro a tabaco e a cerveja, de coletes e de
cabedal, de caras de semblante ameaçador e de pessoal que só se quer divertir.
Pessoal de bandas e pessoal fã dessas mesmas bandas, tudo em amena cavaqueira.
Recordar momentos do ano anterior e experienciar momentos novos.
O que se pretende com este
pequeno apanhado das actuações e de momentos pontuais, em que a lógica se perdeu
um pouco? Momentos em que questões políticas foram postas em causa e momentos,
menos bons, em que essas mesmas crenças políticas se reflectiram na postura de
elementos do público e, mais triste ainda, em algumas das bandas que compunham
o cartaz. Palavras valem o que valem, relatos valem o que valem. Espero que
encontrem, aqui, palavras que os coloquem novamente dentro do Metalpoint e
fiquem marcadas, durante anos e anos, nas vossas mentes.
I.º Acto
HEXITIUM TORMENTÜ MONS VENERIS ft
PEDRA DO ALTAR DEGREDO ALRUNA
HEXITIUM
(Pt)
Entidade tripartida, Hexitium é formada por
elementos de bandas como Mons Veneris, Degredo ou Vetala, entre muitas, muitas
outras. Apoiados num voz feminina, capaz de reproduzir momentos vocais
reminiscentes de rituais xamânicos, para no momento imediatamente seguinte nos
oferecer grunhos à lá Beherit. A bateria, crua e a marcar o passo, acompanhada
por linhas de guitarra, ríspidas e gélidas. A velha escola finlandesa bem
presente! Foi assim o início do IRM.
TORMENTÜ (Pt)
“Esta porra é Beherit, c@r@lho!” Que dizer?
Injusto afirmar que estes senhores são uma cópia dos referidos, ou de Archgoat,
ou de muitas outras bandas de Bestial/War Black Metal, mas que soa, soa! Os
Tormentu soam “mal”, são feios e porcos, dilacerantes e com uma bateria forte
mas com muito pouca dinâmica, sendo que no fim tudo soa ao mesmo. Talvez seja
essa a intenção da banda, não sei. Não me oponho a cópias/réplicas… antes 2559
bandas a soar a Darkthrone, que pessoal com liberdade para fazer coisas que não
lembram a Pazuzu. No final, foi um excelente (segundo) início!
MONS
VENERIS ft PEDRA DO ALTAR (Pt)
E temos, de novo, o Sr. Veneris em palco e
acompanhado por um dos elementos que deu, com ele, vida a Hexitium. O início
remeteu-me para o campo do Ambient/Dungeon Synth — uma batida quase dançável
tomou conta do Metalpoint — mas aquando da subida a palco de um terceiro
elemento — live member de Mons Veneris e milhentos projectos mais — a linha
mudou para algo mais ritualista e, agora sim, mais agradável. Terá sido um
improviso? Nunca saberemos... naquele ambiente específico, soou bem, ainda que
demasiado longo, na minha opinião.
DEGREDO
(Pt)
Pessoalmente, este era o acto por que mais
ansiava! Primeiro contacto visual com as figuras que se apresentaram em palco:
imenso! Um cuidado estético como poucos, uma interpretação soberba! A
apresentação baseou-se na nova oferta e pudemos reter 3 momentos no tema
tocado, com um crescendo, um momento mais lento — que não resultou tão bem — e
um novo crescendo. Soberbo! Não desiludiu de modo algum!
ALRUNA
(Áustria)
A melhor prestação do dia e, agora que o
festival chegou ao fim, do evento! Hipnótico, lacerante de um modo suave,
esquizofrénico e perturbador. É este o novo Black Metal?! Magnifico! Verdade
seja dita, aquando do release desta Demo, não lhe dei a devida atenção e
arrependo-me de tal… terei que colmatar essa falha, ASAP! Que mais dizer? Um
grupo de jovens que mostraram ser o melhor exemplo da máxima “não julgue um
livro pela capa”. Foi fantástico. O pessoal que estava perto de mim saiu do
espaço com um ar de estranheza na face. Creio que poucos esperavam a descarga
que acabamos por receber... overwhelming!
II.º
Acto
VOEMMR
OCCELENSBRIGG HAGZISSA VOID PRAYER IRAE WACHT SULPHURIC NIGHT
VOEMMR
(Pt)
Banda que esteve presente na edição do ano
passado, tendo apresentado então um set muito mais ritualista que Black Metal.
Este ano, novo elemento na voz — guitarrista de 36465859 projectos— a
acompanhar Vulturius e o main man por trás de Degredo e Occelensbrigg (entre
outros) apresentaram um set mais directo e mais Black Metal! É Black Metal,
Senhores e Senhoras! Straight to the face!
OCCELENSBRIGG
(Pt)
Aqui estava outro dos projectos que tinha mais
curiosidade em ver! Membro do Aldebaran Circle, toda a mística que rodeia esta,
e as demais bandas do já referido círculo, é mais que bastante para colocarem
os níveis de curiosidade bem lá no alto. Foi uma muito boa actuação, em que as
vocalizações fizeram toda a diferença! Guitarras arrastadas criaram atmosferas hipnóticas,
onde a voz – como já referido – dava uma “cor” especial ao Ritual.
HAGZISSA
(Áustria)
Áustria, de novo a dar cartas. O trabalho
que trazem debaixo do braço atingiu todos e mais alguns com tremenda força, que
não é surpresa a sua inclusão no cartaz desta 5.ª Edição do IRM. Aquele baixo e
os elementos Punk/Crust bem presentes, marcaram a diferença, sem dúvida! Os
vocais são totalmente absurdos, tornando-se maravilhosos. A actuação, a
performance em si…: brutalidade! Levam o Black Metal a uma dimensão bem
distinta daquela que, nos últimos anos, tem ganho popularidade.
VOID
PRAYER (Bósnia e Herzegovina)
Os Bósnios regressam ao Porto sem aquele
que seria, porventura - e muito pelo que ouvi nos momentos antes do concerto - o
elemento que fazia da banda, muito do que ela era. Kenneth, holandês por trás
da The Throat e de uma imensurabilidade série de projectos, não faz mais parte
da banda — Black Metal e o raio… revistas cor-de-rosa — deixando o lugar vago
para ser preenchido pelo Sr. Devasth, de Lux Ferre. Não estive presente até ao
fim. Estava a ser difícil de absorver aquele som tão específico sem a
insanidade do antigo vocalista. São bons no que fazem… estava, sim, à espera de
algo mais. Expectativads demasiado elevadas, direis.
IRAE
(Pt)
A apresentar músicas de Demos, EPs e
Splits, Vulturius descarregou toda a sua raiva sob o público do IRM, sem
contemplações. Black Metal como disposto nas escrituras, Vulturius deu um
concerto repleto de Ódio e Morte! Terminou com “Da Brandoa com Ódio”, excelente
demonstração da sua essência.
WACHT
(Suiça)
Visto já ser um velho em fase terminal de
existência, rumei ao casebre, totalmente destruído. Pelos vistos perdi
situações ligadas a politiquices e o raio… já tardava, já tardava.
SULPHURIC
NIGHT (Bósnia e Herzegovina)
Parece que este pessoal, devido a situações
protagonizadas pela banda anterior e por membros do público, ou algo assim e o camandro,
não pode tocar. Já não estava presente e era das bandas que queria ter visto…
resultou bem, de certo — e egoísta — modo.
III.º Acto
Balmog Hail Conjurer
Rostorchester Kringa Sanguine Relic Mons Veneris
BALMOG
(Galícia)
Estavam escalados para tocar na edição
anterior, mas por motivos alheios à banda, tal não foi possível. Este power
trio galego toca Black Metal. Pouco mais há a dizer: não me agarraram em álbum,
não o conseguiram ao vivo.
HAIL
CONJURER (Finlândia)
Baterista de Ride for Revenge, a solo, com
a sua caixa de ritmos. Não esperava algo de muito apelativo ou extraordinário,
mas acabou por crescer e desenvolver para momentos que me agarraram. Pequenos
momentos mais electrónicos — ou não fosse membro da banda de que é — acompanham
as ambiências, que cria através dos riffs de guitarra. A voz, entre o grito, o
grunho e o desespero. Ritmo lento e arrastado. A monótona batida da bateria.
Gostei!
ROSTORCHESTER (Suiça)
Nazi bands,
fuck off!
KRINGA (Áustria)
Áustria. Raios partam os austríacos e a sua
visão do Black Metal! Não tão insanos como as outras duas bandas austríacas, os
Kringa — que contam nas suas fileiras com membros de Alruna e Hagzissa — deram
um ritual tremendo! Possuem, em si, toda uma loucura que extravasa na forma de
Música! É delicioso vê-los actuar. Correndo o risco de me repetir: nova visão
criativa do Black Metal? I dare say yes…
SANGUINE
RELIC (EUA)
Arrisco dizer que o norte-americano era,
pelo menos do ponto de vista de nome, o maior desta edição. Expectativas havia,
e não eram nada poucas. Eu, pelo menos, estava ansioso. Com membros de
Obskuritatem, Void Prayer ou Arjen como live members, o “ritual” decorreu de
forma perfeita, e facilmente o galardão lhe seria entregue, não fosse Alruna
ter tocado na 5.º Feira. De qualquer modo o concerto foi tremendo e isso viu-se
não só na energia emanada do palco, mas sim a emanada do público. Olhos bem
cerrados, punhos ao alto! Assim convergimos, os presentes, destruídos e desolados,
naquele momento tão soturno mas libertador.
MONS
VENERIS (Pt)
O velhote não aguentou e cedeu à Morte,
mais uma vez, arrastando-se vagarosamente, para a sua tumba, mas o Rodrigo “Capeta”
diz que foi o Amor… ou algo assim (eles que não o ouçam, por favor). Não duvido,
de modo algum. Mons Veneris pratica um excelente som, especialmente tendo sido
um set dedicado à sua veia Black Metal.
RESCALDO
FINAL
E assim terminou mais um Invicta Reqviem
Mass. Esperamos que no próximo ano a qualidade não só se mantenha, como
aumente. Não duvido, de modo algum, que assim seja. Não faço sequer a mínima
ideia de que bandas/projectos/whatever poderão estar sobre a mesa para a
próxima edição, ou se há sequer algo em perspectiva, mas não duvido que será
mais uma belíssima edição. A Signal Rex já nos habituou a cartazes totalmente
absurdos e que, de outro modo, não veríamos tão cedo – se víssemos – em
Portugal! Um grande bem-haja pelo trabalho!
Abraços aos portugueses, holandeses,
franceses, italianos, norte-americanos e a todos aqueles que, pela primeira ou
pela segunda vez, me aturaram e me deram o prazer de os aturar.
Until we meet
next year… destroy your Life for Satan!
And Nazi Scum…
Die!
Comentários
Enviar um comentário