O Melhor que se Fez/Disse no Mundo da Música no ano de 2019
Prestes a terminar o ano e lá vamos nós, quais carneiros,
ler e reler todos os tops do “Melhores do Ano” a que conseguirmos deitar as
unhas. Clichés, dirão alguns. Concordar, até posso. Este ano, o mesmo farei –
referência a…?
Não discordo que seja um cliché o pessoal
achar-se na necessidade de criar tops para avaliar aquilo que ouviu. Tanta
coisa ouvi e muita mais me passou ao lado… tenho pouca vida, mas não dá para
tanto.
Mas, ao invés de listar uma série de álbuns
– que farei – preferi dar relevo a, como diz o título, momentos musicais que me
disseram algo. Acaba por ser algo diferente do comum dos comuns.
E que ano foi, sem dúvida! Entre bandas que
lançaram álbuns que vieram dar nova cara a géneros musicais, a regressos de
bandas que já não tinhamos grandes esperanças de ver editar algo novo, a
pessoal de uma pequena cidade transmontana, há de tudo um pouco.
Sem mais demoras, uma lista com… com coisas
musicais.
TOOL & CONCERTO
Novo álbum e concerto em Portugal. Ora bem,
admito que assim que ouvi que sairia álbum novo, fiquei de pé atrás.
“Lateralus” foi/é uma obra-prima; “10000 Days” é um álbum muito acima da média.
Era altíssima a fasquia. Conseguiram? Arrisco dizer que não nos deixou
totalmente satisfeitos. As expectativas estavam ao nível da estratosfera! É um
álbum bom? Sem dúvida alguma que sim. Outra coisa não seria de esperar. Talvez
o mesmo se dissesse se algum dia os Led Zeppelin se lembrassem: nunca seria
suficiente. O concerto… já me debrucei sobre o mesmo (www.utopiaplataformica.blogspot.com/2019/10/aviagem-para-la-do-som-nodia-4-de-junho.html)
, vão lá reler. Obrigado.
INVICTA REQVIEM MASS V - O SOLTAR DO
DEMÓNIO
Há eventos e eventos. Este, em concreto, é
talvez o melhor que se realiza em Portugal, no que ao (verdadeiro) Underground
se refere. Consegue ser “absurdo” as bandas que, nestas duas edições em que sou
espectador, tive o enorme prazer de ver! Bandas que nunca viriam a Portugal,
não fosse o pessoal da Signal Rex. Da Bósnia à Áustria, dos Estados Unidos da
América à Finlândia… um muito obrigado! Próximo ano? Estou lá, garantidamente!
ALRUNA
+ KRINGA + HAGZISSA - ÁUSTRIA. NOVA VAGA DE BLACK METAL?
No seguimento do ponto acima, parece-me
lógico que vos apresente (Conheceis?! Boa, boa!) o trio austríaco que chegou,
viu e dizimou! Impressionante! Não me parece nada exagerado dizer que cada uma
destas bandas, à sua maneira, mostrou um pouco do futuro deste género: uma
evolução sem fim. Com toques do que foi feito aquando do nascimento do Black
Metal, na Noruega, há uma atitude que se vai reflectir no som: há Punk e Fuck
You até mais não! Cada um destes álbums é merecedor de estar presente em
qualquer lista de final de ano, de qualquer publicação direccionada para o
metal extremo. Bem, se calhar muitos discordarão, mas nem quero saber! Vrai,
gostos são gostos e nunca discutirei isso, mas caramba! Como ignorar putos
(sim, tudo putos) que conseguiram criar 3 bestas carregadas de raiva e
blasfémia?! Não dá.
SANGUINE RELIC - O RITUAL MAIOR
Ainda IRM V e mais um dos momentos que mais
aguardava. A par dos Degredo, estes Sanguine Relic seriam dos mais esperados. Porquê?
Este Norte-americano é um músico capaz de criar atmosferas e transmitir
sentimentos e estado de espírito como poucos, nesta mais recente leva de Black
Metal. Por norma rio, quando leio ritual ao invés de concerto… mas este é mais
que merecedor do rótuo de ritual. Toda uma comunhão Músicos/Público, aquelas
vibrações negras e movidas a Morte e Desespero, tomaram posse do Metalpoint e
de todo e cada um que ali se encontrava. Foi… soberbo! Clenched fists and
closed eyes…
BARONESS - MAIS UMA COR NA PALETA:
É fabuloso poder apreciar o
crescimento/evolução de uma banda ao longo dos anos. Do Sludge 101, ao ponto em
que hoje se encontram, os Baroness conseguiram escalar a montanha, bem alto, e
hastear a sua bandeira. Donos de uma sonoridade já muito sua, não deixam de me
surpreender. Se fizermos um apanhado muito rápido de como soavam aquando do
lançamento do primeiro álbum (“Red Album”), em 2007, e como soam hoje (“Gold
& Grey”), a diferença é bastante audível. Pontos negativos: saiu o Pete,
que aportava aquele som mais Heavy Metal à banda; para o seu lugar entrou a
Sr.ª Gina Gleason, que até agora tem estado muito, muito bem! Que cor nos
espera?
BRAGANÇA - RAIVA ROSA + REI MARTE +
CHEVALIER DE PAS + WHALES DON’T FLY
Bragança. Capital do distrito de
Trás-os-Montes, o mais bonito de Portugal, ou não fosse ele o Reino
Maravilhoso. Engraçado que, enquanto escrevo, os Caretos de Podence e as suas
Mascaradas tornam-se Património Imaterial da UNESCO, mas regressaremos a tal no
devido lugar/publicação. No fim do século passado, Bragança não sofria de falta
de bandas. Havia N músicos e N grupos de música que, com MÚSICA ORIGINAL –
alguém perceberá – dava mais Melodia a uma cidade que vivia e respirava Música.
Fast forward uma série de anos… e a cidade vive – ou vivia – uma situação
similar a uma seca: nada de nada. É triste e dá pena, mas um grupo de rapazes
decidiu que as coisas tinham que mudar e havia que dar, de novo, Melodia à
cidade! Assim fizeram, e novos grupos surgiram. Nenhum dos referidos neste
ponto é de 2019… mas continuam a merecer, da minha parte, todo o apoio. Por serem
de Bragança/formados na cidade? Nada disso. Nunca segui a máxima de apoiar só
porque é da terra. Se gosto, apoio, caso não aprecie, sigo meu caminho. Críticas?
Apanho-as todos e no fucks given! Falaremos, num futuro bem próximo, de cada
uma delas, que merecem um espacinho só para elas.
FOSCOR - NEGRA DELICADEZA
O nome não me era desconhecido. O som sim,
totalmente. Pelo que li estes catalães evoluiram bastante, o que levou a
alterações sonoras. Pelos vistos tive sorte e apanhei-os numa fase muito boa da
sua “viagem criativa”, onde o Black Metal era mais UM elemento na fórmula e não
O elemento. Sempre disse que o Black Metal era o género mais criativo do género
maior que é o Heavy Metal. O som, sim, o som! Perdido entre um Shoegaze e
atmosferas, o Black Metal mostra as suas garas aqui e ali. A voz, encaixa na
perfeição naquilo que, instrumentalmente, conseguem construir. Sonoridades terrenas
de alcance celestial.
VARGRAV - O PASSADO NO PRESENTE
Os anos 90, no Black Metal, não foram só
facada e chamuscada, não! Houve muita boa Música, Música essa que se perpetuou
no tempo através de gerações mais recentes. Sempre adorei Black Metal com
toques de teclado. Deve vir da minha paixão pela figura do Vampiro e das
ambiências associadas ao mesmo. Aqueles momentos gélidos, acompanhados por
linhas de teclado, que aumentavam substancialmente o medo aqui nesta
personagem! Assim sendo, encontar bandas que faziam uso das teclas, na sua música,
agarrou-me de imediato. As
óbvias: Cradle of Filth, Dimmu Borgir, Bal Sagoth… Emperor,
nem que seja por serem clássicos ahahah assim, quando este ano me caiu na caixa
de correio virtual, o 2.º álbum de Vargrav, senti uma nostalgia imensa! A Moda
é cíclica, e a Música não foge do mesmo: um dia voltamos todos ao que já foi,
um dia, criado (hey, a cena Black Metal mundial é a prova provada; Arctic
Monkeys também, já agora)! Assim sendo…: raios no álbum, lindooo!
“SIN/PECADO” – UM TRATADO DE RELIGIÃO
Moonspell e O álbum. É aquele que definiu o
som da banda? Não. É aquele que popularizou a banda? Não. É o meu favorito? Sim.
Hey, que raio?! Sim senhor, depois de um “Irreligious”, how the fuck do you top that?! Dás um salto, arriscas, evoluis e
inovas. Simples?! Não. Especilamente num país que desdenha tudo aquilo que não
é igual a tudo e mais alguma coisa. É triste. É o que é. Ora bem, “Sin/Pecado”
e o impacto que o mesmo teve na minha pessoa… como diz ali o sub-título, um
tratado sobre religião. Será? A carga religiosa é tremenda, isso é inegável. Como
que uma descarga de raiva direccionada a uma única fonte de opressão (ups!).
este trabalho introduziu na carteira de atributos, da banda, linhas que seriam
exploradas ao máximo no sucessor deste álbum (“The Butterfly FX”), mas que não
deixaram de se fazer notar neste (“2nd Skin”?). a banda resolveu, em
concordância com a Century Media, reeditar o álbum (gotta get mine, still),
algo mais que merecido. Há que espalhar por todos os cantos a mensagem que vive
no mesmo. Aguardo, serenamente, o anúncio do concerto em que este álbum será
tocado na integra… aguardo.
“LED ZEPPELIN” – MELHOR BANDA DE TODO O
SEMPRE
Podia passar uma imensidão de tempo a tentar
passar, àquele que me lê, aquilo que me vai dentro, sempre que o nome desta
entidade é referido. Não, não vos martirizo com isso, seria demasiado. Fiquem com
a informação que esta pérola da Música mundial faz, este ano, 50 anos. Ide ouvir,
ide absorver, ide fazer por perceber o porquê de serem a Maior Banda de Todo o
Sempre. Obrigado.
A DONINHA VOLTOU (NEM QUE SEJA UMA VEZ SÓ)
Este é o ano dos regressos, anunciados. Este
foi o primeiro e bateu forte! À primeira, e lendo a lista acima, esta não seria
uma banda que muitos considerariam quando se trata da minha pessoa. Dizer que
são transversais estaria, não a mentir, mas a dar mais do que posso dar. Dizer que
foram game changing? Sim, sem dúvida. Até um certo na carreira a criação era
marcante, era singular… depois the Levee brooke e perdeu-se a mística (da minha
perspectiva). Vão regressar para um concerto único no NOS Alive 2020. Será um
excelente concerto, disso não tenho qualquer dúvida. Gostaria de marcar
presneça, não minto. Foram importantes a certa altura. Mostraram que era
possível gostar de A Tribe Called Quest e de Slayer, que as barreiras eram (são
e sempre serão) inexistentes, e que condicionar a vontade é equivalente a
castrar a mente de Conhecimento! Assim, aprendi que só há dois tipos de Música:
aquela que me diz algo e, consequentemente, me agrada; aquela que não me
transmite sentimento algum… e não me agrada. As simple as that. Vão regressar e
não vão tocar a “Paranóia”, mas vão tocar a “Duia”, claro…
RAGE AGAINST
THE MACHINE - A RAIVA NÃO MORRE
Tal como os indivíduos supracitados, também
estes nos ensinaram que não havia restrições ao desfrutar de Música! Recordo quando
o “RATM” saiu e de o ouvir numa cassete de um colega e ficar “Wow” com a “Killing
in the Name” (engraçado que hoje a considero das músicas mais fracas deles) e
pensar “Mas que raio é isto? Ele está a rappar e o outro mano está a sacar
solos altamente influenciados pelo Rock n’ Roll?!” escusado será dizer que não
foi bem assim, mas fica sempre fixe adocicar as coisas um pouco, que vende
sempre melhor! E é isso: RATM de volta para uma série de espectáculos bem
escolhidos nos States. Virão à Europa (virão à Festa? Yeah, sim!). Não deixa de
ser engraçado ver que uma banda que sempre fez por atacar o Sistema, continue a
ser tão adorada por este. As coisas da Vida, essa safada, pfff…
FAITH NO MORE –
FOOL FOR A DAY… KING FOREVER
Regressos. Clássicos. Essenciais. Faith no
More. End of story. Vêm tocar a Portugal… NOS Alive. Oh well. O Coliseu é
pequeno e a Altice Arena é o degredo. Que dizer? Nada. Nada necessidade de
dizer o que quer que seja. É Patton e os amigos a tocar umas “musiquinhas” e
coisa e tal. Coisa pouca, sem dúvida.
O “MONSTRO” FAZ 20 ANOS E O “MUTANTE” FAZ
25
Ornatos Violeta e Mão Morta, duas bandas
que, um tanto ou quanto distantes a nível sonoro, passam as mesmas emoções. Há em
ambas um sentimento de Tristeza e Abandono – opinião aqui do escriba. Ornatos
Violeta foi do melhor que a Música feita em Portugal já viu! Eram negros e
luminosos, tudo ao mesmo tempo! Canções de Paixão cobertas com lençóis de
Desamor. Este álbum em concreto é, de novo na minha opinião, dos melhores de
sempre da Música Portuguesa! Uma pequena pérola.
Os Mão Morta, por outro lado, sempre me
soaram a degredo e ao fim de tudo. De que modo? Aquelas vocalizações do Adolfo
e os ritmos lentos, mas pesados, ajudaram a, na minha mente, criar o cenário
que encontraria anos mais tarde quando descobrisse – mais a sério – Killing Joke.
Aquela “Budapeste” e o seu tão particular video-clip ainda hoje soam na minha
cabeça ahahah há ali Punk, há ali Rock n’ Roll… há Mão Morta. Serão, quiçá, a
banda mais particular de sempre a surgir em Portugal! Provavelmente…
MENÇÃO MUITO MAIS QUE HONROSA
“Star Wars”. Que raio tem Star Wars a ver
com Música?! Muito pouco, talvez nada, nadinha, mas aqui mando eu. É ano de
novo filme e eu, como fanboy, faço por incluir Star Wars no máximo de coisas
possível! Happy?! Nem quero saber.
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