Eskorbuto
– “Anti Todo” (1985)
"Las patronales y los sindicatos, todos
contribuyen, con nuestro fracaso"
“Es
un crimen” (“Anti Todo”, Eskorbuto, 1985)
O País Basco é, para quem
me conhece, especial. Seja pela geografia, seja pela cultura, seja pela causa
político-social que a “persegue” desde sempre. Verdade seja dita, a relação que
nós, Portugal, temos com o país aqui ao lado, sempre foi mascarada de cordial e
solidária e de hermanos, mas há que ser realista e assumir que não, que as
coisas nunca foram e nunca serão assim. Estou a mentir?! Arrisco dizer que não.
Mas o País Basco não é Espanha. O País Basco é o País Basco, quer se goste,
quer não se goste, quer se entenda, quer não se entenda.
Sempre tida como uma
região de trabalho, duro, proletária, não espanta que as maiores bandas Punk
espanholas (RIP, Cicatriz, La Polla Records ou Kortatu) tenham vindo deste
barril de pólvora. Mais conhecido por motivos revolucionários que outra coisa,
o País Basco atravessou uma tremenda crise durante os anos 80, onde o
desemprego e o consumo de drogas pesadas era absurdo. E foi desta realidade
deveras “especial”, que nascem os Eskorbuto. 3 jovens: Paco (baterista), Juanma
(baixista e vocalista) e Iosu (guitarrista). Destes 3, só Paco por aqui anda.
Em 2015 regressou, com outros 2 músicos, para tocar os clássicos da banda. Uma
vez Punk… um dia um porco capitalista a viver do legado! Oh well…
Mas, ao invés de funcionar
como um artigo de Wikipédia, o meu intuito é focar-me no “Anti Todo”, visto ter
sido o primeiro trabalho da banda com o qual tive contacto, mas também por ser
aquele que, na minha opinião, melhor reflecte o que a banda era. Assim sendo,
sigamos. Editado em 1985, é o 2.º longa-duração da banda Basca.
Cantado em Castelhano, imensamente viperino
e um constante ataque a todo o poder instaurado (o de Madrid e o de Bilbau),
“Anti Todo” é composto por clássicos como “História Triste” ou “Cerebros
Destruidos”. 10 temas e pouco mais de 30 minutos, é quanto basta para nos
agredir com tamanha força, que no chão caímos!
O Punk de Eskorbuto
tresanda a droga, a álcool e a desgraça. É isto o Punk?! O Punk é podre. O Punk
é anti-tudo! Ainda outro dia falava com um parceiro acerca da estreita ligação
que há (ou deveria ainda haver, na minha opinião) entre e o Punk e a Política.
Em que sentido?! O Punk é contestatário por natureza. Ok, aceito que haja Punk
somente dedicado ao ameno consumo de álcool, por exemplo, mas não é essa a
mensagem que procuro no mesmo. A mensagem que uns Minor Threat tinham, que
ascendeu a um modo de vida, não é passível de ser comparada com a, por exemplo
– e sem qualquer intenção de rebaixar/denegrir – de uns Green Day. Podia ter
escolhido N outras, mas calhou esta.
Só assim por curiosidade,
e antes que me sejam apontado o dedo, o “Dookie” rodou centenas e centenas de
vezes, nos idos anos 90, aquando de passeios pela Margem Sul, quando o Punk
ainda era hard as fuck ahahah. E que mensagem passa, como a sua música,
Eskorbuto?! Ora bem…
Ora muito bem… isso já foi
referido, in a way: drogas pesadas e degredo constante. Terá esta postura sido
assimilada/absorvida pelos 3 músicos, somente porque sim?! Terá sido resultante
da realidade que os rodeava?! Saber que se nasceu numa zona geográfica como o
País Basco era, na altura, como que prever que o futuro não seria risonho,
muito o oposto! Seria um futuro de trabalho e muitas desgraças sociais. Mas
vamos lá ver, o Punk nasceu para contestar as normas vigentes da Sociedade,
certo?! Bad Religion, com o seu Punk Rock, ainda hoje passam a mensagem que os
levou a iniciar toda a aventura em que estão há décadas! Agora, a minha opinião
acerca deste ataque ao Poder, poderá ser um tanto ou quanto menos “áspera”. Não
sou, de forma alguma, apolítico, e isso nota-se na posição que assumo perante
muitas dessas mensagens, mas tal não invalida que acredite em tudo aquilo que
escrevi… com a diferença que acredito num sistema político regido por linhas
políticas. Anarquia nunca ahahah
Mas e a Música?! Do
caraças! A viagem que teve início com “Eskizofrenia”, só parou em 1993, após a
morte de Iosu e Juanma às mãos da Sida, resultante da adicção à Heroina. Paco
prossegue com a banda (a mesma arrastou-se até 1999, com o Paco a prostituir a
música da banda) mas a essência da mesma, estava mais que perdida. Há situações
que são irremediáveis, para as quais o trocar o X pelo Y, acaba por ser igual a
nada. Grupo de músicos que sempre “lutou” contra rótulos, contra pátrias e
contra linhas de pensamento, preferindo por hacer
lo que les salia de los cojones, como diziam! Eram Punks, eram umas bestas
ahahah odiados por muitos, nunca conseguiram, em vivos, que a sua pátria basca
os tomasse como seus, muito porque estes nunca o desejaram, nunca sentiram um sentimento de pertença.
E a Música?! É do caraças,
joder! Desconheço se, neste pedaço de
terra encostado à terra dos pollas, são conhecidos por muitos, mas acredito que
aqueles Punks “lixados” sim, conheçam a banda, e a considerem, tal como eu, a
melhor exportação musical que alguma vez saiu de Espanha. Desculpem, do País
Basco, que Espanha é asco!
Que mais dizer?! Conheci
esta banda em 2016, por um mero acaso (sim, não foi há muito), e desde então
que a coisa se entranhou. Foi através dela que descobri toda a cena do Rock
Radical Vasco, à qual sempre, mas sempre, disseram não pertencer! Aliás, tudo o
que saia da mente social/política basca, era renegado pelos 3 “artistas” que compunham
a banda.
Há bandas que, à
semelhança de tanta outra coisa na vida, nos agarram e pelas quais nos
apaixonamos, não só pela Música das mesmas, mas por toda a realidade que as
rodeia. A cena Basca foi, na minha opinião, magnífica e equiparável com a Movida
Madrileña dos meados dos anos 70 (aviso: deste movimento cultural saiu um
senhor de nome Almodóvar; informação para aqueles que o desconheciam)!
“El rock no tiene patria, ni siquiera la vasca”
Anti-Regimen, Baldin Bada, BAP!!, Basura, Barricada,
Cicatriz, Danba, Delirium Tremens, Eskorbuto, Hertzainak, Jotakie, Korroskada,
Kortatu (mais tarde “reconverteriam-se” nos Negu Gorriak), La Polla Records,
Leize, M.C.D., Odio, Parabellum, Potato, RIP, Skalope, Tijuana in Blue,
Txorromorro, Virus de Rebelión, Vómito, Vulpes (chicas), Zarama, Zer Bizio? (ROCK
RADICAL BASCO)
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