Punk Rock no Século XXI
Estava
Portugal ainda a viver sob o jugo Fascista de Marcelo Caetano - ainda que não por muito mais tempo - já os EUA e a
Inglaterra rasgavam convenções e estruturais sociais que, até então, ninguém
imaginava que fossem quebradas! Mas isto não é um artigo de Wikipédia ou algo
que se assemelhe. É, no máximo, uma mera introdução ao que segue… ou algo
assim.
O Punk,
o Punk. Mais que um género musical, a revolução cultural foi tremenda, e ainda
hoje, 2020, sentimos resquícios da mesma. Em que sentido?! O mais explícito
será a postura política que muito do Punk (vá, a grande maioria do Punk que EU
ouço, pelo menos) assume. Punk político. Haverá outro tipo de Punk? Sim, claro.
Vale a pena dar uma oportunidade? Sim, claro. Nem todo o Black Metal é Satânico
e nem todo o Pop é oco.
Mas
regressemos ao que aqui me trouxe: 2020 e o Punk ainda está vivo… e mais
requintado. Bandas como Ramones terão sempre um lugar de destaque e acabam por
ser transversais a géneros, a linhas de pensamento e ao que quer que seja! Ramones
é Punk, Punk é Ramones. Não, não considero que seja cliché ou exagerado. Considero,
sim, que o que acabei de proferir, é real. End of Story!
E
hoje, Portugal? Hoje não. Pensava ir ali ao país dos croissants e do queijo bom
(tão bom). Vive la France, mes amis! Quem tiver paciência faça uma viagem até
aos anos 80, em França, e absorva um pouco do Punk que lá se fez, que hoje
ficamos pelos anos 2000 e bandas que descobri há cerca de 3 anos, assim por acaso,
no YouTube (obrigado, YouTube).
Bandas
como Syndrome 81 (Oi, Oi, Oi!), Nightwatchers e Youth Avoiders (tresanda a Joy
Division, and we love it), Cuir (estes senhores têm uma sonoridade deveras
refrescante: Punk n’ Disco) ou Douche Froide, Litige e as suas meninas ou os
Short Days! E acabei de dar de caras com isto: Scimmia! Bem, não soubesse eu
que ingredientes leva um croissant francês, verdadeiro, e questionava-me onde
raio vão estes rapazes e raparigas buscar inspiração para tamanha qualidade
musical!
Para
lá de belíssimas bandas descobri um belíssimo canal de YouTube que me faz
repensar se um dia não deveria ter, pelo menos 48 horas: No Punks in K-Town
(nome de música dos Spermbirds).
Por
norma, quando falamos de Punk, acabamos por nos dirigir sempre para a terra de
Sua Majestade. Ok, até concordo com isso. Na “guerra” sobre quem é o Padrinho
disto tudo, termino sempre a frase com Ramones, como já referido acima. Não que
não goste de Sex Pistols, mas não consigo ver o Punk, ali, de certo modo. Sim,
houve uma cisão com a convenção social e artística, mas também havia muito
shock value, for the sake of nothing. Chocar por chocar. As líricas, sim,
dirigidas a questões sociais e políticas, vrai! Os Ramones nem por isso, mas
não importa, nada LOL
Douche
Froide, senhores e senhoras (na playlist). Isto é aquele Punk deveras
inteligente, como docemente o trato! Há imenso Post Punk nas ruas de França
ahahah Punk Cold Wave, assim se identificam os membros da banda. Go check it,
please!
Seguindo.
Ramones, Sex Pistols e a Cultura Punk. Vivianne Westwood e o… Punk. Ok, mas França.
Brest, casa de um dos grupos que MAIS bateu nos últimos anos. Punk Oi! na
língua de Sade. 5 manos que rasgam tudo, tudo! Não é diferente do que se faz em
Portugal, mas tem o acréscimo de ser cantado em Língua Francesa. Adoro a
melodia da Língua Francesa, seja no Punk ou no RAP (NTM, anyone?). todas as
bandas que refiro, ao início, cantam em Língua Francesa e o que passa para o
ouvinte? Bem, o meu francês está enferrujado até mais não – não que me impeça
de apreciar a música – mas esse feeling gelado e depressivo, ruas escuras e
sujas, prostituição e drogas pesadas.
Há
um background claramente Punk/Hardcore, mas há também um leque muito maior de
influências que se junta a esse cerne principal. Linda Martini é o nosso melhor
exemplo: background claramente Hardcore, presente nem tanto… Post Punk, Indie
Rock. Who cares?! Pessoalmente não sou fã, mas isso importa zero. Caramba, é
Punk que usa skinny jeans, sapatos Doc Martens e casaco de ganga da Levi’s! got
the picture?! Mas quem quer saber?! Nightwatchers são imensamente boooons! São Punk,
são Rock, são Pop… não são especialmente alegres e felizes! Há toda uma
sonoridade escura e um tanto ou quanto pesada (“La Paix Ou Le Sable”, de 2019).
Já
perdi os Syndrome 81! Punk Oi! com garras e ferocidade! Da pequena cidade de
Brest, com cerca de 150 mil habitantes. 5 rapazes e muito barulho energético! “Béton
Nostalgie”, de 2017, foi das melhores coisas que descobri nos últimos anos! Compilação
de temas retirados de EPs e Splits. Solos curtos, mas ainda assim com uma
energia e uma vitalidade! As actuações ao vivo (no YouTube, snif snif) são bem
recheadas de suor e movimentações no público! Estes são muito mais clássicos
que os anteriores e, sinceramente, que qualquer outro grupo que passe hoje por estas
páginas. São Punk, period! Rasgam, partem, cospem! Facto engraçado: o baterista
teve direito a um pequeno documentário num canal de TV francês. É professor primário
e dá aulas numa pequena vila francesa, apartada da civilização! Trivia ahahah!
Suponho
que passaríeis melhor com nomes de bandas, que propriamente comigo a palrar,
qual ave tropical, sobre o quão prolífera, talentosa e actual é a cena francesa
de Punk, Post Punk, Cold e Dark Wave e tudo o que esteja relacionado com Joy
Divison (he, who does not love Joy Division, is destined to walk this Earth
alone)!
Zone
Infinie “Degats”, mais um que saiu recentemente! Go and check!
Ora bem:
Douche Froide, Litosk, Nightwatchers, Youth Avoiders, Syndrome
81, Taitre, Litige, Short Days, Coupe Gorge, Bagarre, Bromure… uma série delas.
Uns mais conhecidos que outros, todos bastante excitantes! Cuir, para aqueles
que não têm medo de mixes improváveis ou peculiares!
Amusez-vous. L'important, c'est la
musique!
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