Lucifer - Classy Retro, Doomish Class

Há quem diga que o que foi feito no Passado sobrepõe-se, em qualidade, ao que hoje nos é dado. Terão razão, não terão, eterna interrogação. Mas podemos confirmar que qualidade não faltava, isso sim! Assim sendo, podemos ver como muitos músicos tentam capturar, de algum modo, esse sentimento tão próprio de uma década, de um momento na História, e replicá-lo nos tempos que hoje correm.

Sou um apoiante da inovação, mas acabo, na maior parte das vezes, por inclinar-me para aqueles que inovaram zero. Contraditório, suponho. Poderíamos recordar todas as vagas de Thrash Metal que insistem, de X em X anos, em “dar à costa”. Mais não, sff! Mas não estou, de modo algum, a falar de Thrash Metal. É mais de Rock n’ Roll dos 60/70, com um travo de Ocultismo, uma frontwoman lindíssima e um travo a Black Sabbath (é mais a Coven, para ser sincero). Confere que a imagem mental que se cria, soa bem. Sim, soa mesmo bem.

Tive a sorte de “conhecer” a senhora Johanna Sadonis aquando da sua passagem pelos The Oath onde, com a madame Linnéa Olsson, conceberam uma “besta” Rock/Doom com um travo do Oculto. Foi sol de pouca dura, infelizmente, mas não foi a morte! Dos The Oath surgiram os Lucifer. Em 2014, Johanna juntou-se a músicos de renome e com créditos firmados em bandas com vários anos de experiência (Cathedral e Angel Witch, p.ex.), e deu-nos, em 2015 “Lucifer I”. Cerca de 44 minutos de excelente música. Há Rock n’ Roll, há Doom, há reminiscências daquele Rock dos 60/70, imerso em Ocultismo e Drogas. Lucifer está, para mim, mais próximo de uns Coven que de qualquer outra banda. Há demasiados pontos de contacto. Deixam de ser bons?! De modo algum, de modo algum!

2020 vê a edição do terceiro trabalho da banda (“Lucifer III”), e apesar de ainda não ter chegado à minha caixa de correio electrónico, pelos singles que andam pelas plataformas legais, vaticino mais um sucesso (para mim, pelo menos). A doçura da Johanna, as guitarras com aquele tom bem clássico, bem “datado”, uma secção rítmica bem groovy… pfff, demasiado poder! Tal como uns Uncle Acid (ou uns Jex Thoth, uns Blood Ceremony ou um sem número de bandas que projectam a música dos 60/70 para o Séc. XXI), também os Lucifer são uma das figuras de proa deste movimento retro de toadas mais Doomish. Uma música como “Izrael”, do primeiro trabalho, dá uma liberdade enorme a Johanna para fazer uso das suas capacidades vocais em prol de toda uma atmosfera groovy, ainda que lenta e densa. Riffs orelhudos, ganchos gigantescos e uma frontwoman imensamente cativante… win! Recorda-me um pouco aquilo que os Ghost conseguiram, mas que uns The Devil’s Blood nunca fizeram (por vontade própria, ou porque o som destes últimos é muitíssimo mais adulto que o dos Ghost): criaram a ponte entre o Pop e sonoridades próximas do Rock/Doom, mantendo uma identidade bastante vincada.

Já desde 2017 que o Senhor Nicke Andersson se senta atrás do set de bateria, dando também o seu contributo nas guitarras (e mantendo a banda looking cool as fuck)! Soberbo, não?! Old is gold, my friends.

E o tão aguardado (pessoalmente) novo álbum de Lucifer chegou à minha caixa de correio electrónico. Ora bem… primeira impressão com que fico: está muito mais Rock n’ Roll (sempre de toada negro) que Doom/Occult Rock, no geral. Truth be told, o Doom nunca foi a base da criação musical da banda… mas havia sempre aquele pormenor, aqui e ali. Neste novo trabalho arrisco dizer que assumiram uma costela mais Rock e menos escura. Fear not, que continua a soar bom! Uma música como “Midnight Phantom” tem um riff inicial groovy e catchy como poucos! Há, aqui, bastante groove (daquele bem escuro).

De qualquer modo, aconselho todos aqueles que vêm a seguir a banda desde o início, como a todos aqueles que se identificam com bandas em que é uma senhora na voz (excepção feita para pessoal que curte Arch Enemy e coisas nhanhosas assim parecidas… sorry, not sorry). Give it a go!



(Datado, originalmente, de Março de 2020)

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