A série de posts "Clássico moderno que não o é, mas que na minha óptica poderia ser mais tido em conta", apresenta...
Owl's Blood — “Cold Night of Meditation” (Altare Productions, 2014)
O Black Metal é, desde sempre, um género que associo a algo mais que Música. Seja a faceta inerentemente associada a toda uma carga espiritual e emocional, seja o lado estético tão particular, o Black Metal carrega em si linhas caracterizadoras muito próprias, uma imagética que ainda hoje persiste. A carga espiritual nunca foi elemento que me conduzisse ao artista A ou B, sempre fui mais fascinado pela estética, que ainda hoje mantém a essência e, que ainda hoje, faz-me dar atenção a A ou B. Outro elemento que sempre assumi como parte deste género musical, é a Natureza e toda essa perspectiva de Música que me transportaria, emocionalmente, para cenários que me foram sempre muito queridos, como as paisagens de Trás-os-Montes, montanhosas, verdejantes, frias e sombrias.
O
caso que hoje vos apresento não se encontra no espaço físico / geográfico
citado como bitola comparativa. Owl’s Blood, à semelhança de uns Ostots, são
naturais do País Basco – sendo o baterista dos primeiros o único membro dos
segundos – e transportam na sua Música essa imagem mental de montanhas e
escuridão. Gélidos riffs, melancólicas ambiências. Como elemento comparativo
“próximo” a nós, apontaria uns Dolentia, que também carregam essa ideia: riffs
medievais perdidos em bosques cerrados, um Folk pesado e homenagem a tempos
idos. Paganismo e Soturnidade.
Formados
em 2005, no País Basco, por IA (Ostots, ex-Nakkiga), Oindurth (“Lúpulo,
Nakkiga, ex-Sentimen Beltza) e F, “Cold Night of Meditation” é o primeiro, e
único até ao momento, longa-duração de Owl’s Blood, e não encontraria melhor
descrição para ele que aquela que expus anteriormente. O País Basco, também
ele, carrega toda uma carga negativa e pesada, derivante de anos de fustigação
constante, seja por motivos políticos, seja por causas sociais. Uma Sociedade
que, através da Música, como que esconjura os seus demónios. Há uma constante
raiva e agressividade, mas há também uma sempre presença da Natureza e dessa
ideia quase de regresso a épocas passadas. Há toda uma existência mística,
cultos do Passado e superstições pagãs. Owl’s Blood consegue, a mim, passar uma
imagem de todas essas ideias e realidades.
Temos
aqui um Black Metal que assenta, do meu ponto de vista, na criação de ambientes
escuros e melancólicos, vocalizações agressivas e angustiantes, a produção
final é pobre o bastante para que o produto final não se “veja” demasiado limpo
e limado. Momentos lentos e arrastados, em contraste com instantes claramente
Black Metal, com a aspereza das guitarras e nos seus riffs cortantes, uma
bateria que, aqui, arrasta a música com toda a sua força. Ao contrário de muito
do Black Metal com uma clara tendência mais Raw, o som apresentado aqui tem
muito de – como já referido – melancólico e melódico. Não cai no banal, tendo um singelo travo de diferenciação.
“Lunar
Equilibrium / Eerie Watercolors”, último trabalho lançado pela banda, reúne o
EP e a Demo, lançados em 2011 e 2012, respectivamente, editados em número
reduzido.
Owl's Blood - "Cold Night of Meditation" (Altare Productions, 2014)
Owl's Blood — “Cold Night of Meditation” (Altare Productions, 2014)
Black Metal has always been a genre that I associate with something more than Music. Whether the facet is inherently associated with a whole spiritual and emotional charge, or the aesthetic side is so particular, Black Metal carries with it very characteristic lines, an imagery that still persists today. The spiritual aspect was never the reason that led me to artist A or B. I was always more fascinated by aesthetics, today still. Another element that I always assumed as part of this musical genre, was Nature, and this whole perspective of Music that would transport me, emotionally, to scenarios that have always been very dear to me, such as the landscapes of Trás-os-Montes, mountainous, green, cold and gloomy. The album / band that I bring forth today is not found in the physical / geographical space mentioned as a comparative gauge. Owl’s Blood, like Ostots, are native to the Basque Country - the drummer of the first being the only member of the second - and carry in their Music that mental image of mountains and darkness. Cold riffs, melancholy ambiences. As a comparative element “close” to us, I would point out some Dolentia, who also carry this idea: medieval riffs lost in closed woods, heavy Folk and homage to times gone by. Paganism and Darkness.
Formed in 2005, in the Basque Country, by AI (Ostots, ex-Nakkiga), Oindurth (Lúpulo, Nakkiga, ex-Sentimen Beltza) and F,“ Cold Night of Meditation” is the first – and so far the only – Owl's Blood, and I could not find a better description for him than the one I exposed earlier. The Basque Country, too, carries a negative and heavy burden, derived from years of constant harassment, whether for political or social reasons. A Society that, through Music, exposes its demons. There is a constant anger and aggression, but there is also an ever-present nature and that idea almost back to past times. There is a whole mystical existence, past cults and pagan superstitions. Owl’s Blood manages to give me an image of all these ideas and realities.
The Black Metal that we have here is, in my opinion, based on the creation of Dark and Melancholy environments, Aggressive and Distressing vocals. Production is "rotten" enough that the final product does not “look” too clean and polished. Slow and dragging moments, in contrast to clearly Black Metal ones, with the harshness of the guitars and their sharp riffs, drums that drag the music with all its strength. Unlike much of the Black Metal sound with a clear tendency to a rawer approach, the sound presented here has a lot of – as aforementioned – melancholic and melodic. It does not fall into the banal, having in itself a simple twist of differentiation.
“Lunar Equilibrium / Eerie Watercolors”, the last work released by the band, brings together the EP and Demo, released in 2011 and 2012, respectively, edited in small numbers.
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