Lament in Winter's Night / Night's Threshold (Altare Productions, 2021)

Quando dois projectos como estes se unem, não podemos esperar outra coisa que não sucesso e qualidade... Acaba por ser um pouco injusto, diria, que a este pessoal não lhe baste lançar álbuns em nome próprio (com a qualidade que temos visto), que agora unem-se para criar este espécimen raro! Bem, entremos nesta dimensão negra e difusa, alimentada a ódio e a produção limpa q.b. começamos com LIWN, com a música “Epiphanies in Death”, um ritual de cerca de 5 minutos, em que a sobejamente conhecida – e adorada – costela melódica sobressai, ganhando destaque e guiando a música por caminhos arrojados. Não é, de forma alguma, um tema perdido por trás de barreiras sonoras, de produções “podres” e estridentes; é sim, uma música com uma carga melódica – como referido anteriormente – que a faz destacar-se. Riffs de guitarra muito reminiscentes dos anos 90, aquela melodia, pá! Esta música é, na minha opinião, uma perfeita réplica dos anos 90, no ano de 2021! Não perde agressividade, não senhor. Equilibra, isso sim, muito bem ambas as vertentes do Ser Humano, projectando-as na forma de Música.

NT já se apresenta com uma postura diferente do “parceiro de crime”. Um som mais arrastado, mais pesado e denso. As próprias vocalizações são uma mostra de tal: a agonia e o desespero, soterrados sob séculos de doença humana! As linhas de guitarra são soberbas. Melodias quase hipnotizantes, que criam ambiente e atmosferas delicadas, ainda que negras e soturnas. Adoro o facto de a voz não se perder totalmente na mistura, surgindo aqui e ali, audível o bastante para mostrar que está presente! As guitarras não ofuscam a bateria, que por sua vez não ofusca o que quer que seja. Há um equilíbrio que nos permite ter uma música rica em melodia, em dinamismo, em crescendo...  esporadicamente temos pausas, breaks, para logo de seguida sermos novamente atingidos com força! O último minuto, minuto e meio, foram executados – e criados – de força perfeito, quais mestres, encerrando o capítulo da melhor forma.



Sulphurus Presence – “Demo I” (Banner of Blood, 2021)

Bem… UAU! E podíamos, facilmente, ficar por aqui. São pouco mais de 19 minutos em que corremos toda uma imensa paleta de tons de negro, em que somos absorvido por um vortex infernal, lançados para as chamas de um infernal ritual! Expressões clichés para descrever uma entidade que vem fortalecer ainda mais o poderio Norte-americano no campo do Black Metal, mas que são, efectivamente, reais! 

O ano de 2021 tem sido um tanto ou quanto difuso: vivemos uma pandemia mundial, mas a bitola criativa, no que ao Black Metal se refere, está altíssima. Excelente lançamento atrás de excelente lançamento, funciona como uma confirmação do estado do género: excelente (seguindo o recurso). Sulphurous Presence segue todas as regras para ser visto como um trabalho válido nesta bova (nova?) vaga de Black Metal mais primitivo: a estética monocromática, o lettering de sempre, a produção Lo-fi... mas, ainda assim, notamos que há algo mais no ADN deste projecto, há uma capacidade inventiva que vai para lá da estrutura estreita a que o Raw Black Metal nos habitou. 

Em tempos pensei que o sub-género iria estagnar, arrastar-se e unicamente agradar a todos aqueles que usam palas nos olhos e nem sequer equacionam aquilo que ouvem, mas enganado estava, e estou. Há muitos que se agarram a uma estrutura sólida e estável, e arriscam algo mais. Com clichés ou não, Sulphurous Presence apresenta-nos um lançamento imensamente válido, enraizado uma sonoridade muito característica, mas com traços de personalidade. Excelente...



Nameless Mist – “Nameless Mist” (Folkvangr Records, 2021)

A cena Norte-americana tem vindo, nos últimos anos – e 2021 parece que já extravasa a média de anos anteriores – a mostrar-nos que em nada fica atrás do que se faz no velho continente. Já aqui se falou do facto do Black Metal saído dos USA sempre ter sofrido face ao europeu, mas uma vaga de músicos tem vindo a mostrar que o Black Metal Norte-americano não só é bom, como capaz de transformar-se e apresentar-nos coisas novas e motivadoras. 

“Nameless Mist” mostra ser um trabalho mais que válido, um deambular entre um Black metal mais directo e primitivo, e momentos mais lentos e próximos de DSBM. De certa forma temos aqui uma mescla muito equilibrada de melodia e peso, momentos lentos e cadenciados, em contraste com outros mais... 

Raw Black Metal. Pessoalmente, considero que é um excelente conjunto de temas, dinâmicos e com identidade. De certa forma é o que mais se destaca: essa identidade. Há uma melancolia pouco usual nesta franja mais primitiva do Black Metal, melodias “românticas e delicadas”. Há uma construção, como já foi dito, bastante equilibrada. Este é o primeiro trabalho do músico Norte-americano. Aguardo para ver que virá no futuro.



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