Omhosten – “Music of the Great Beyond” (Kvlt and Khaos Productions, 2022)

A Música, independentemente do género, absorve influências das mais variadas fontes. Assim sendo, é fantástica a forma como conseguimos encontrar melodias que nos remetem de imediato para a um país, um artista, etc. O Black Metal de Leste sempre primou por uma delicadeza, uma melancolia sempre presente, um eterno Outono, de certa forma. Bandas como Drudkh, Kroda, Nokturnal Mortum ou Lucifugum, são exemplos da sonoridade Black Metal originária da Ucrânia, e muito similar ao que se faz nos países vizinhos. Omhosten, one-man-band, não segue propriamente o caminho delineado por aqueles que vieram antes dele, mas sim a sua visão do Black Metal. É inegável que o músico absorveu alguma daquela melodia tão tradicional do Black Metal de Leste: a melancolia está lá, aquelas melodias tão características... quase que caminhamos pelos longos e densos bosques, mas também temos aquela agressividade quase animalesca de um Black Metal mais visceral. Não soa a “Deathcrush”, mas também não soa a “Goat Horns”, percebem? Um bom álbum de Black Metal, diverso e interessante.


Cruciatus Infernalis – “Untot” (Kvlt und Khaos Productions, 2021)

2021 foi O Ano. A edição dos 2 EPs da bandas (“Ritual” e “Untot”) deu ímpeto a esta caminhada que teve início em 2019, na Áustria, em Graz, capital da Styria. O duo formado por C. Syphenzaehmer (guitarra, baixo e bateria) e H. Daemonenwacht (teclas, vozes e guitarras) apresenta-nos uma mescla de sons. Tendo o Black Metal como o “planeta” central, vários satélites orbitam em torno desta essência. Temos ritmos e batidas industriais, maquinais, ásperas e geladas. Sem nunca atingir o nível de uns Mysticum, sendo este um dos nomes, se não o nome mais sonante, dentro do sub-género, a dupla arrisca-se por caminhos de Sinfónico, algum Dungeon Synth, e sempre de uma forma muito maquinal. De certa forma tudo me soa a máquina, pouco orgânico... na verdade, o recurso à língua alemã ajuda a criar este ambiente tão “industrializado”, pesado e denso. DHG comes to mind, aqui e ali – mais sem atingir os níveis destes, claro – na esquizofrenia de alguns riifs, alguns detalhes. Acaba por ser uma série de satélites naturais que orbitam em torno do Planet Black Metal (Mysticum reference). Não consegui “sentir a cena”, sinceramente. Quiçá seja por o sentir pouco orgânico, um pouco disperso. Tem momentos bastante interessantes, mas não consegue, para mim, formar um todo coeso: uma série de elementos / influências, mesclados, que resultaram neste EP. Mas aqueles que gostam de se afastar da norma, e experienciar coisas diferentes, give it a go.


Theomachia – “The Theosophist” (Onism Productions, 2022)

Ora bem, antes de mergulharmos no conteúdo musical que temos perante nós, uma pequena referência ao tema em que o mesmo se suporta – ou propaga. Blavatsky é daqueles nomes com os quais tive contacto, através de livros, ao mesmo tempo que descobri Crowley e outros nomes. Vem mostrar que a Arte, e as partes que a compõem, são igualmente importantes e não devem ser ignoradas / minimizadas. Não deixa de ser de louvar que ainda hajam artistas que não descoram nenhuma das camadas do seu trabalho, seja o musical, seja o lírico. Bem haja, meus senhores. A ideia da Reincarnação e a Evolução Espiritual estão na base desta (de forma muito, muito resumida), e a nível lírico o trabalho está tão bom quanto a música. Musicalmente falando a banda mexe-se por terrenos escuros, melódicos, densos, toda a percepção do Cosmos e das Divindades do Passado. Vozes limpas e guturais, momentos de calma e reflexão, momentos de violência e revolta. Quando o ritmo abranda, e se torna mais arrastado, é quando a qualidade dos intervenientes se torna mais audível, na minha opinião. A forma como nos levam por bonitos detalhes de guitarra, suaves e calmos, neste Caos que é a Arte... “The Suicide of the Demiurge” é um excelente exemplo. Arrisco dizer que nomes como BAN e DSO ocupam um lugar especial na vida destes senhores, o que é bom. Ainda que ambas as “imagens musicais” sejam dificeis de atingir / igualar / replicar / absorver, estes italianos conseguem absorver a essência, mais que o som em si, oferecendo um trabalho bastante rico em melodias, em detalhes, em conteúdo, mas que não será, de certeza, assimilado às primeiras audições. Podeis tomá-lo como um desafio, de certa forma, a nível de conteúdo, como a nível musical.



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