Hardcore - What are you?

E estamos de volta com mais uma entrevista. Na verdade, isto tem andado imensamente parado, mas é a vida. Tive algum tempo e resolvi postar esta entrevista com o Boss da Backwash Records sobre o Hardcore. Esta proposta "voou" para bastante pessoal, mas infelizmente não houve adesão... no stress, siga nisso!

Go!

O que é o Hardcore, e de que forma entrou na tua vida?

Para mim o hardcore é não só um género musical, como existem mil, mas um género ao qual se reconhece uma comunidade dedicada, que extravasa para a vida valores e emoções como certamente poucos outros fazem. É difícil explicar sem experienciar. Como diz a marca de refrigerantes, you can’t beat the feeling.

O hardcore entrou indiretamente através dos videojogos quando era puto, nomeadamente com o “Tony Hawk Pro Skater” e os seus filhos e primos: primeiro com o punk rock e depois com as horas/dias/meses/anos perdidos na Internet a descobrir mais bandas.

Qual é, para ti, a core message do Hardcore?

União, respeito e igualdade. O mais cliché que possas imaginar, mas que ao mesmo tempo continua a fazer todo o sentido.

De que forma este te influenciou/estruturou como pessoa/músico?

Obviamente não foi apenas o hardcore que me fez quem sou, mas acredito que ajudou a conhecer outras pessoas, formas de pensar e não raras vezes abordou temas que se calhar de outra forma dificilmente me chegariam, muito menos de forma tão simplificada – numa era pré redes sociais. Hardcore é e sempre será amis que música, ainda que perceba que para muitos, não seja assim tanto. Passageiros temporários, diria. Claro que tudo depende da tua vontade e capacidade de discutir esses assuntos de forma crítica e inseri-los na tua vida privada, mas sinceramente acredito que o hardcore me trouxe um escape à realidade fútil/normie (para usar termos modernos) e uma outra realidade de interação.

Quais os álbuns nacionais que melhor descrevem, para ti, o que é o Hardcore nacional?

Difícil, mas se tivesse de mostrar a alguém o quão multidimensional o hardcore pode ser diria para ouvir o “Harmony As One”, de X-Acto e “O Cavalo Mata”, de Trinta & Um.

Top 5 de álbuns que melhor descrevem o género?

Mais difícil ainda. Se me perguntasses amanhã diria outra coisa, mas toma aí (sem ordem):


·         Cro-Mags – “The Age Of Quarrel”

·         SSD – “The Kids Will Have Their Say”

·         Bad Brains – “Bad Brains”

·         No Warning – “Ill Blood”

·         The Rival Mob – “Mob Justice”

Qual o álbum de Hardcore que mais te impactou?

Muitos, e foram mudando ao longo do tempo. Quando comecei a ouvir hardcore, e entrei a fundo, recordo-me que viciei no “One With The Underdogs” de Terror e no “Best Bruises Collection” de Pointing Finger (que guardo religiosamente, dos primeiros cds que comprei). Parecidos, certo? 

O impacto é contínuo, e acho que isso é que faz com que continue a ouvir hardcore, a procurar bandas novas, a estar atento ao que vai saindo. Continua a ser fresco, continuo a querer ouvir e ver bandas novas, sem ficar preso “aquela” banda de 1980 que lançou um grande disco – que provavelmente continuo a adorar e a ouvir dia sim dia não… 

Consideras que o Hardcore, como veículo de mensagem, é cada vez mais relevante?

Acho que continua a ser relevante, mas é algo que se tem vindo a perder, infelizmente. Não culpo a mainstreamização da cena (nos EUA…), mas acho que quer a maioria das bandas quer as editoras, publishers, etc, numa ótica de ser mais abrangente deixam temas quentes de lado, e metem a música e o “feeling” à frente de qualquer mensagem. Ou talvez os próprios “miúdos” (e graúdos) queiram algo mais palpável e fácil, e o hardcore torna-se um simples escape dos problemas da realidade e do seu dia a dia.

Obviamente tens bandas que vão noutro sentido, com uma mensagem super atual e relevante, que fazem da própria mensagem um factor agregador e diferenciador: os ZULU, os MOVE BHC ou os Buggin (ou uns End It) que surgem meio que na onda do BLM e trazem a temática de ser afroamericano não só na América como na própria cena hardcore, ou mais recentemente bandas que trazem o ser árabe e muçulmano na cena punk como tema para a massa crítica debater (primeiro Haram, agora Taqbir, Ikhras…). No fundo os nichos no nicho parecem ser das vozes mais ativas a tentar passar uma mensagem mais precisa, fora os habituais gritos de união, amizade ou perseverança que sempre foram um bocado palavras-chave de grande parte das letras/bandas no hardcore.

Agora tempo para algo mais leve: Top 5 de lançamentos Hardcore de 2023?

Sem ordem:

·         Heavy Discipline – “Your Scapegoat”

·         Stigmatism – “Ignorance in Power”

·         VA – “Scheme Records: Until It’s Your Reality” (Comp)

·         Rat Cage – “Savage Visions”

·         Restraining Order – “Locked in Time”





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