A
Viagem para lá do Som
No
dia 4 de Junho de 2002, os Tool estreavam-se em terras portuguesas. Tinha
tomado contacto com eles muito pouco tempo antes, através do Freitas. “Schism”,
foi através desta música que iniciei a minha viagem no Mundo deveras peculiar
dos Tool. A princípio soaram-me a nada que alguma vez tivesse ouvido. Não eram
mais pesados do que aquilo que eu consumia maioritariamente, mas eram donos – e
ainda o são – de um som tão característico, tão próprio, que era difícil ficar
indiferente a tamanha qualidade sonora.
No
dia 2 de Julho de 2019, os Tool regressaram para a sua 4.ª presença em palcos
portugueses. “Orfã” de música nova desde que “10000 Days” foi editado, no ano
de 2006, a banda não precisava sequer de ter material novo para apresentar,
bastando simplesmente subir a palco.
E
assim foi o que estes quatro senhores fizeram, por volta das 21h, subiram a
palco e, durante cerca de duas horas, maltrataram as nossas almas com toda a
sua força e coração. Uma força sobre-humana tomou conta da Altice Arena e
arrastou para um transe cada um de nós que ali estava, de braços abertos, para
assimilar todo e qualquer som que saísse daquele palco.
Os
Tool não são, e arrisco dizer que nunca serão, uma banda de fácil assimilação.
Uma banda que insite em romper com fronteiras e com as seus próprios limites,
em busca de atingir um ponto máximo de reacção humana. Soberbo. Incrível.
Magnífico. Três formas de descrever a noite que ali se viveu. Exagero? Muitos
dirão que sim. Etéreo. Assim o descreverão outros, aqueles que como eu, naquela
noite, se deixaram assolar pela energia gerada por aqueles quatro senhores.
Cerraram-se
os olhos, elevou-se a cabeça para o céu, toda a nossa atenção estava
direccionada para aquele palco, toda a nossa crença espiritual de baseou no
evangelho escrito por aqueles quatro senhores. Saímos de peito e coração
cheios, saímos de alma fortalecida, saímos de espírito livre…
Mais
que Música, mais que Sons… os Tool são, para aqueles que para si, convergem,
muito mais que Música, muitos mais que Sons, são uma semiexperiência
espiritual…
Após
2 horas de Música, a sala abriu as suas portas, os espíritos acalmaram a sua
agitação e as pessoas regressaram à sua realidade, afastando-se do altar de
peregrinação. Embebidos de uma sensação tão especial, cada um de nós deixou-se levar
pelos seus pés e seguiu o seu caminho, para nunca mais esquecer todo e cada
momento do que tinha acabado de viver.
“Show me that you love me and that we belong together.
Relax, turn around and take my hand.
I can help you change
Tired moments into pleasure.”
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