Rei Marte – quando a realeza decidiu juntar-se a seus súbditos em amenas tertúlias musicadas


Bragança foi em tempos um imenso caldeirão de Música e de músicos. Infelizmente, a mudança de século não trouxe só o Euro, mas também o decréscimo na actividade criativa na cidade. A travessia foi um tanto ou quanto longa, até aos dias de hoje, em que voltamos a ter, em número considerável, músicos e criações musicais. Bragança volta a ter Música!

Natural da Trofa, o músico por trás de Raiva Rosa, SID ou Chevalier de Pas, “pariu” mais uma Besta: Rei Marte. Aterrou na “nossa” cidade e decidiu, aqui, neste pedaço de terra e calor (ou gelo), dar luz às suas criações, e ainda bem que o fez…
E gosto. Admiro a simplicidade com que cria linhas melódicas e canções de embalar. As eternas comparações com o enorme Senhor que é Manel Cruz, coladas a todos aqueles que, um dia, decidiram expressar-se na língua de Fernando Pessoa (Camões, who?).
Um pouco como a magia que os Ramones conseguiram com muito pouco, Simão Reis não pretende dar-nos mais do que aquilo: Música, cantada em português. É simples. Tão simples que até se lhe sente o doce sabor, o baunilhado aroma. É isso, sem necessidade de complicações: um rapaz e a sua guitarra… e a bateria e o baixo e o que mais ele sentir que merece atenção e espaço nas suas criações!
É ele e as suas coisas. Não há “fogo de artifício”, não há necessidade. Vivemos num momento cultural em que o imediatismo impera, seja nas notícias ou no modo como nós próprios vislumbramos aquilo que nos rodeia, que ao fim do dia sabe bem algo assim… simples.
“Pinta” Bragança com tons outonais, com pinceladas de Primavera perdida entre dias de chuva e um Sol brilhante e alegre. É festa e melancolia. É bálsamo e aconchego. É bonito… e eu gosto. Traz consigo momentos de carinho e abraços (“Ela Sabe”… oh, Nita!) e gosto. Uma fuga do reboliço da cidade para a paz do campo… e eu gosto muito.
A lírica? Simples. Oh! A sonoridade de cada uma daquelas palavras, elevada “ao expoente da loucura”, embala o frágil dedilhado da guitarra. Frágil? Fraco? Inversamente real, senhores e senhoras! Inversamente… é deveras engraçado: foi o artista em incorporou o Reino Maravilhoso em si, ou passou-se o contrário?
De qualquer modo, El Rei rumou às terras mais a Sul no Império e espalha, de momento, a sua poesia e trovadoresca musicalidade à plebe que, sem o saber, se arrasta pelas ruas da Capital deste pedaço de terra à beira-mar plantado.
Senhores e Senhoras… El Rei, de Marte e do Cais do Sodré: Rei Marte.


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