And Pop Goes Da Weasel


E o regresso deu-se, ainda que por uma só noite. Foi bom, foi nostálgico, foi o relembrar bastante mais que só a Música, já que há demasiadas vivências associadas à obra destes rapazes da Margem Sul. Para muitos este será o concerto do ano. E todos eles dirão, arrisco dizer, que o motivo é a nostalgia. Um concerto de Da Weasel foi sempre uma sessão fortíssima de comunhão, de transmissão de bons vibes e harmonia... no meio da “violência”, e este não foi diferente. A minha “pequena” disse algo que bastante real: em todos os anos que por aqui andaram eles tornaram-se transversais a uma série de gerações. Dos mais pequenos, que conheceram DW com os pais, a esses mesmos pais que ouviam DW um pouco à rebelia dos pais (não ignorem o peso de alguns dos assuntos tratados na obra destes Senhores, sff), que por sua vez acabaram por aceitar que aquele som tinha conteúdo e valor... é um legado deveras pesado. Assim sendo, bate a hora e a ligação – indeferida – ruma para o NOS Alive.

Resignei-me, e “Encostei-me Pra trás...” no sofá. Fiz aquele exercício parvo de tentar acertar no setlist, e em 24 temas acertei em 13 (sendo que não estive nem perto de seleccionar 24), e que aquele arranque estava longe de ser sequer sonhado! Foi estalo, foi estalo. Não vamos tema a tema, nem sequer “avaliar” a escolha da banda em tocar A ou B; vamos, sim, desfrutar daquilo que se presenciou ou viu na televisão, nesta nova forma de fazer a review a um espectáculo LOL ainda assim... “Pedaço de Arte”? Boy, não sei se esta não me espantou mais que o raio do Carocho, se posso ser sincero. Das malhas mais fortes da banda, e caiu que nem ginjas. É engraçado ver, agora de uma forma mais expositiva, se calhar, como o crescimento dos músicos foi claro ao longo de todos os anos em que estiveram activos. Ainda outro dia pensava que um álbum como o “Dou-lhe com a Alma”, e o famoso single, soavam tão... distantes em termos de som, de criatividade. Atenção, continuo a olhar para este álbum com dos melhores da banda, e é esse lado mais “inocente e pobre” que me atraem tanto.


Está o gig a rodar naquela rede social, e bate o “Pedaço de Arte”... mas estava mesmo à espera daquele refrão, o de 1997, caramba. Sim, quero ouvir aquilo que foi gravado para o álbum, e o Virgul deu-me um estalo que me derrubou. Mas foi forte na mesma, no doubt. Durante o gig, e em conversa, comentei que a partir de 2001 me desliguei da banda e dos álbuns que sairam a partir desse ano. Não me identifico com a sonoridade da banda nesses anos; há demasiada alegria, e eu gosto dos DW quando soavam mais “podres” e próximos de uma sonoridade crua. O “God Bless Johnny” será O Som dos DW, na minha opinião. Aquele EP é uma pérola da cena musical nacional desde o dia em que saiu, porra! Mas de volta ao dia 9 de Julho. Foi tão fixe ver o Jay em palco de novo! Toda aquela cena muito Suicidal e o raio! Oh Braindead, boy! O Quaresma mantém aquele groove muito classy, muito sólido. o Guillaz sem tirar os óculos, man. Esperava um Carlão, e não um Pacman, mas fez questão de sacar de dentro dele o “puto de Cacilhas”, e pôs aquela merda a arder, e com um Virgul claramente emocionado a seu lado, deu o que deu. Os “pratos” rodaram com estilo e bom gosto, através dos dedos do DJ Glue. Overall foi muito bom vê-los de novo em palco, juntos. Já falei da nostalgia? Fez recordar a última vez que os vi ao vivo, em casa, na S. João Baptista. Aquela “Bomboca...” foi forte, foi.

E é aqui que se vê a singularidade dos DW. Não são Rock n’ Roll; não são Thrash nem são Crossover; não são Rap nem são Funk; não são Pop. Têm Public Enemy, Beastie Boys e RHCP como algumas das milhentas influências; podemos ouvir o herança da cena Hardcore da Margem Sul e algum Thrash até. Os DW são tudo menos lineares, e cada um dos seus álbuns mostra essa evolução, essa metamorfose, e quiça seja essa a razão pela qual me custa tanto absorver aqueles temas mais “alegres e festivos”. Tudo produto da imensa panóplia de cores e sons que compõem o som da banda da Margem Sul.

O próprio Virgul larga o termo “nostalgia” durante o concerto, e arrisco dizer que é a palavra certa para descrever aquilo que ali se passou. Não só a mim, mas a muitos, a muitos daqueles que ali estavam. DW acaba por ser, de certa forma, aquele tesouro que a Margem Sul guarda com mais carinho. A banda mantém os elos, e o pessoal agradece que esses se mantenham vivos.

A Margem Sul é, de facto, muito mais que só espaços físicos... é alma.



Loja (Canção do carocho)
A essência - Vem sentir
Força (Uma página de história)
Dúia    
Interlúdio (DJ Glue)
Jay
Carrosel (Às vezes dá-me para isto)
Dialectos de ternura
Bomboca (Morde a bala)
GTA
Casa (Vem fazer de conta)
Niggaz
O puro
Outro nível
Pedaço de arte
Re-tratamento
Bora lá fazer a p*** da revolução
Todagente
Toque-toque
Adivinha quem voltou
God Bless Johnny
Tás na boa
A palavra
Mundos mudos

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