Da Weasel
Margem Sul: Demarcada & Reinante


A RTP transmitiu ontem o documentário que produziu sobre uma das bandas mais marcantes da história da música contemporânea portuguesa. Originalmente estreado no dia 23 de Junho na Incrível Almadense, somos convidados a conhecer a estória deste sexteto da Margem Sul. Das primeiras Demos, ao concerto no antigo Pavilhão Atlântico, a membros que entretanto saíram, mas que em muito ajudaram a banda a consolidar o seu som; ao passado no Hardcore e Heavy Metal, a uma revolução Hip-hop, os Da Weasel sempre marcaram pela honestidade e uma abertura à evolução e experimentação. Do inglês ao português, do Funk ao Hardcore, a “doninha” foi a todas.


Atingiu uma notoriedade como poucos; manteve o nível sempre elevado, ainda que a partir de um certo momento já não me sentisse identificado com a sonoridade da mesma, mas que isto nunca retire mérito ao trabalho da banda. Um exercício engraçado: peguemos numa malha como a “Right On”, do “Dou-lhe com a Alma”, e comparemos com uma “Dialectos de Ternura”... ya, miles apart, I know. Os Da Weasel são daqueles nomes que, vivendo / crescendo / nascendo / whatever, na Margem Sul, aprendemos a tomar como “nossos”. É motivo de orgulho, sem dúvida. Arriscas dizer “não entendes”, mas ao mesmo tempo como podes dizê-lo quando a banda cresceu de uma forma que, acredito, nem eles nos dias mais animados, alguma vez imaginaram ser possível? Não podes. Deixaram de ser de Cacilhas, para ser de toda a geografia portuguesa.


Mas o documentário está fixe, interessante; mas ao mesmo tempo pobre, parco em foco. Queríamos um documentário com N episódios? Sim senhor, queríamos. Tivemos direito a pouco mais de 30 minutos, onde se repassou toda a carreira da banda, do quarto à MEO Arena, ao concerto do próximo dia 9 de Julho, no NOS Alive. Bilhetes, nem cheirá-los; hesitei já nem sei porque razão, e agora aguenta. Terá sido pela imagem de ter milhares de pessoas a respirarem o mesmo H20 que eu, e isso dá-me dores de cabeça, mas arrependo-me agora.

 
Por vezes ignoramos aquilo que nos é importante, simplesmente porque não as vemos, ou neste caso não ouvimos. A música não perdeu qualidade, as palavras – assustadoramente – não perderam o seu peso (“Casos de Polícia”), houve uma evolução, um crescimento, uma mudança criativa, um shift no qual não me revejo, e acabei por me afastar. Regresso, de tempos a tempos, aos álbuns de 1994 a 1999. Foi neste intervalo temporal que a banda marcou a sua posição, criou / trabalhou o seu som, estabeleceu o perfil que ainda hoje ostenta. Foi nestes anos que se tornou a banda que hoje conhecemos. A partir de 2001 deu-se a cisão entre mim e a banda, como já mencionado. Não ignoremos que, ainda assim, a banda não deixou de escrever malhas soberbas: “Casa (Vem Fazer de Conta)”, com o brilhante Manel Cruz, “Carrossel (Às Vezes Dá-me para Isto)” ou mesmo o “Joaninha (Bem-vinda!)”, todas do álbum “Re-Definições”. Estas 3 malhas destacam-se, de forma absurda, das demais.


A simplicidade desta última, como que uma ode moderna a um Ser, vive num Funk muito sereno, muito pacífico e belo. As palavras do Pac-Man estavam, neste ponto da carreira, num nível elevadíssimo, e até mesmo o DJ Glue faz um brilharete com aquele pequeno, mas forte, scratch. Podíamos dissecar todas e mais alguma, mas esta, que não ouvia há anos, é imensamente fantástica, em muito por ser uma linha muito simples, muito... já cuspi imensos adjectivos; go check the tune. E o baixo do Jay?


Hoje de manhã bem cedo, enquanto via o documentário, tentava situar o momento em que ouvi Da Weasel pela primeira vez. Creio que terá sido quando saiu o “Todagente”, com aquele video-clip tão “especial” ahahah ainda hoje sei a letra do princípio ao fim, e tão actual que é...


Dia 9 de Julho muitos lá estarão (terão que ser mesmo muitos, que a coisa esgotou), infelizmente não farei parte da maralha, mas podemos sempre ter uma réstia de esperança que o fogo se reacenda ao ponto de “obrigar” a mais uns concertos, a algo mais, e que soe ao “Manual...”, por favor.



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